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Literatura Gótica

quinta-feira, 6 de maio de 2010.




Contrapondo-se aos valores racionalistas e materialistas da sociedade burguesa, certos escritores do Romantismo criam uma literatura fantasiosa, identificada com um universo de satanismo, mistério, morte, sonho, loucura, e degradação. Trata-se da literatura de tradição gótica, conhecida também como maldita, que até hoje encontra adeptos na literatura, na música e no cinema. Note que a literatura de Tradição Gótica não é uma classificação literária independente, mas sim uma vertente do romantismo. O termo "gótico" foi roubado da arquitetura. Designa um estilo de construção muito elaborado, imponente e algo sombrio, que predominou durante a Idade Média. Ocorre que as primeiras obras do gênero tinham como cenários castelos medievais - e daí, foi um passo para surgir a expressão romance gótico.Curiosamente, a literatura gótica surgiu no século XVIII - o chamado "século das luzes". Talvez fosse uma reação ao racionalismo que então predominava na literatura e na filosofia.Considera-se que o fundador do gênero foi o inglês Horace Walpole (1717-1797), comO Castelo de Otranto, publicado em 1764. Já temos nessa obra o cenário por excelência do gótico, que ainda aparece, com algumas variações, em muitos filmes de terror de hoje: O castelo com passagens secretas, quadros que se movem, corredores longos e labirínticos, ruídos inexplicáveis. Parece que Walpolese levava a sério: mandou construir para si mesmo um castelo em estilo medieval.Depois de Walpole, surgiram autores como William Beckford (1760-1844), Ann Radcliffe (1764-1823) e Gregory Lewis (1775-1818), autor de um escandaloso best-seller, O monge (1796). Essa moda do romance gótico foi breve, e hoje os primeiros representantes do gênero já não são muito lidos.

Sua influência sobre o século seguinte, porém daria frutos variados e bizarros. Mary Shelley (1797-1851) criou 
Frankenstein, livro que alcançou uma "imortalidade inexplicável". Outro grande personagem das histórias de terror ganharia sua versão definitiva em 1897, comDrácula, de Bram Stoker (1847-1912). Na Alemanha, E.T.A. Hoffmann (1776-1822), autor de novelas e contos como O homem de Areia, conseguiu elevar artisticamente o "elemento fantástico" do gótico. E, nos Estados Unidos, surgiria talvez o maior de todos os escritores de contos fantásticos: Edgar Allan Poe (1809-1849), autor de clássicos como O gato preto e William Wilson. Também há elementos góticos em O morro dos ventos uivantes, desvairada história romântica da inglesa Emily Brontë (1818-1848), e em Jane Eyre, da irmã de Emily, Charlotte Brontë (1816-1855).A tradição gótica vai lonje. Já no século XX, temos autores como o arrepiante norte-americano H.P. Lovecraft (1890-1937). O cinema aproveitou os motivos góticos e os transformou em clichês cada vez mais difíceis de suportar. Autores de best-sellers, como Anne Rice e Stephen King, faturam muito repetindo esse mesmos clichês.Tradição Gótica no BrasilA tradição literária gótica é representada pela prosa de Álvares de Azevedo, por parte de sua poesia (a face Caliban) e por algumas contribuições de Bernardo Guimarães e Junqueira Freire.

Essa produção representa uma ruptura não apenas com os padrões literários vigentes, estabelecidos pela primeira geração romântica, mas também com os próprios valores da sociedade. Trata-se, em suma de uma literatura que afronta o racionalismo e o materialismo burgueses e opta por zonas escuras e antilógicas do subconsciente, onde de fundem instintos de vida e de morte, libido e terror.A literatura gótica sempre teve um caráter marginal, de acordo com o sentimento de marginalidade experimentado pelos escritores ultra-românticos que deram origem a ela em nosso país. No Brasil, tiveram ligações com essa tendência os simbolistas Cruz e Sousa e Alphonsus de Guimarães e o pré-modernista Augusto dos Anjos.
Rosas

Alguns livros que podemos chamar de literatura gótica:

Abismo, O - 
David Copperfield
Assassinato na rua Morgue - 
Edgar Alan Poe
Castelo de Otranto, O - 
Horace Walpole
Contos de fantasmas - 
Daniel Defoe
Confessionário dos penitentes negros, O - 
Ann Radcliffe
Demônios da noite, Os - 
Charles Nodier
Drácula - 
Bram Stoker
Entrevista com o Vampiro - 
Anne Rice
Espectros - 
Cecília Meireles
Eu - 
Augusto dos anjos
Flores do mal - 
Charles Baudelaire
Frankestein - 
Mary Shelley 
Hannibal - 
Thomas Harris
Lira dos vinte anos - 
Alvares de Azevedo
Maldição de Sarnath, A - 
H. P. Lovecraft 
Médico e Monstro,O - 
R. L. Steverson 
Monge, O - 
Gregory Lewis
Morro dos ventos uivantes, O - 
Emily Bronte
Noite na Taverna - 
Álvares de Azevedo 
Noturnos, Os - 
Flávia Muniz 
Paraíso artificial - 
Charles Baudelaire
Primeiro Relato da Queda de um Demônio, O - 
Marcela Godoy
Rainha dos condenados, A - 
Anne Rice
Senhor da Chuva, O - 
André Vianco
Sete, Os - 
André Vianco
Sombra do vento, A - 
Carlos Ruiz Zafón 
Um estudo em vermelho - 
Sir Arthur Conan Doyle
Um diário do ano da peste -
 Daniel Defoe
Uma temporada no inferno - 
Arthur Rimbaud
Vampiro Lestat, O - 
Anne Rice

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